Neste drama psicológico, a personagem e narradora Luzia, através do fluxo de consciência, nos conduz a mergulhar na sua história. Percebemos uma mulher que sofre de melancolia, fortemente acentuada pelo luto. Entre consciência e delírio, luz e sombra, ela traz à tona os sucessivos traumas que reverberam entre a sua infância e a fase adulta.
O cenário parte da fazenda de plantação de fumo de um pai autoritário e violento e se alterna com o seu próprio interior de desequilíbrio psíquico. As cenas dos seus delírios vão arrastar o leitor através das águas internas e turvas da personagem.
Imagens que transitam entre o insólito e o poético reforçam a culpa que Luzia carrega em relação ao irmão, o que também vai alimentar a sua melancolia. Imerso no núcleo familiar da personagem temos ainda a mancha do abuso do patriarcado e de silenciamento das mulheres.
Agualuz é um romance de muitas camadas, que revela com imagens fortes e sensíveis, aquilo que está oculto nas sombras dos traumas e laços humanos.