Eu cresci em uma grande contradição. Talvez seja fruto desse substantivo. De criança que fui vi as florestas do Jari, tão altas a parecer castelos imensos com seus cavaleiros, subjugadas por soldadescos eucaliptos, plantados à força hegemônica. Nada mais simbólico. Ouvi de meu pai os acontecimentos madeireiros onde nasci, Portel, no Marajó, os quais vivenciei e ainda vivencio, característica maior do quanto somos irresponsáveis com a natureza em nome da ganância. De uns poucos acima da Linha da Cobiça que incrivelmente dominam a maioria das pessoas, que assim se tornam pobres. Como pode? “O mundo é dos espertos”, pessoas próximas a mim sempre disseram. Desculpem, mas o conceito que criei sobre o que é Pobreza, a falta de escolhas, não me permite admitir isso. Resistência. Vi meu avô materno e minha mãe andarem juntos e conversarem sobre suas histórias de mata, de situações da floresta, do conviver com a natureza. E dura vida, partiram para a cidade de Breves, palco das serrarias, que anos depois fecharam suas cortinas, espetáculo cinzento que alguns ainda aplaudem sem saber do caráter dos seus roteiristas. E no mundo que viajei, constatei os ATOS DOS RIBEIROS, não ribeirinhos, inhos, inhos, porém rebeldes, esperançosos, legítimos da terra marajoara e estuarina a questionar o motivo das maluquices das coisas. Neste ponto, temos a mesma mania, seja pela métrica profissional, seja por meio do caos da arte e do dia a dia. Não são apóstolos, mas oxalá chegarão lá. O autor
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