Nenhum vento é favorável a quem não tem um porto
("Se um homem não sabe a que porto se dirige,
nenhum vento lhe será favorável", Sêneca). A gente
marajoara precisa despertar e descobrir quem ela é de
verdade: descendentes de bravos guerreiros papa xibé
não podemos aceitar ser tratados como xerimbabos da
colonialidade... Todos nós devemos nos perguntar
sobre como sair do nosso carocinho de tucumã para
descobrir o mundo e aí saber que o nosso velho
Marajó de guerra é um mundo e este mundo deverá ser
motivo de felicidades e bem viver.
[...] Esta não é uma história como outra qualquer. Não
esperem um compêndio sisudo, mas provocações
com escapadas antropoéticas para falar bem de uma
mal conhecida "ilha" na boca do maior rio do mundo,
ousamos viajar no tempo e espaço passados a fim de
evocar a primeira ecocivilização da Amazônia na
esperança do futuro e dali sonhar tirar a gente
marajoara da margem da História onde ela ainda está
para colocar o Marajó velho de guerra no centro do
mundo que há de vir no caminho da ilha da Utopia,
que Tomás Morus imaginou.