Ao me embebedar dos versos de Esqueleto de borboletra, percebi que estava diante de um novíssimo Orfeu, igualzinho àquele descrito pelo mestre Murilo Mendes (não o conhece? Então, Murile-se!), um poeta que acalma as feras com o seu canto advindo de odes modernistas repensadas e recodificadas. A cada novo símbolo a “voz de biblioteca” (vide o poema Autorretrato, presente nesta obra) crescia cada vez mais e as borboletras acabavam ricocheteando seus casulos ao deleite de meus olhos, famintos por estranhamento e metáforas absurdas, porém, replenas de sentido.
Confesso que apesar de todos os poemas agradarem a minha alma, um deles gravou sulcos em minha existência: o belíssimo e surrealista Amigos ou personagens? Eu não sei, mas o título é este texto longo mesmo, disso eu sei, onde o manancial da palavra, dado às aproximações de termos contrários pelo absurdo, fomenta a inquietude do leitor.
Wellington Stefaniu
Doutor em Letras, pela UEM (2022)