JARDIM DAS UTOPIAS: A saga de Michel Derrion e dos falansterianos franceses na Colônia Palmital (1840-1850), Garuva (SC)
A obra Jardim das Utopias tem um objetivo audacioso: narrar, sob outra ótica, os incidentes relacionados à Colônia do Palmital, no norte de Santa Catarina. Em meados do século XIX, um grupo de imigrantes franceses tentou criar um falanstério na Península do Saí, inspirados nas ideias do filósofo Charles Fourier. Desacordos deram origem a dois núcleos: um grupo no Saí (atual Itapoá), chefiado por Benoît Mure; outro grupo no Palmital (atual Garuva). Os trabalhos historiográficos optaram em narrar os fatos a partir do grupo do Saí. Contudo, a obra de Gleison Vieira conta as decorrências a partir do grupo dissidente de 44 franceses que se instalou no sertão do Palmital. Ali, eles buscavam criar um mundo perfeito, uma utopia, em um jardim sertanejo repleto de recursos naturais. O enredo tem como protagonista o líder da Colônia do Palmital, um negociante de seda de Lyon chamado Michel Derrion, criador de uma das primeiras cooperativas do mundo, na França. Esta pesquisa, além de retratar biograficamente Derrion, aborda a vida de outros personagens, como Lucie Domanget e Antoine Jamain. Enfim, outro aspecto relevante, tanto para a historiografia quanto para a imersão do leitor, é a descrição do sertão do Palmital no século XIX: uma vereda profunda encravada na Serra do Mar, cortada por arroios e igarapés cujo remanso era laureado pela beleza das flores de jacatirão.