Este estudo trata do acento lexical no português brasileiro sob uma perspectiva
multirrepresentacional. Foram realizados um experimento de produção e três experimentos
de percepção. Os principais resultados obtidos indicam que a principal
propriedade acústica envolvida no acento no português brasileiro é a duração
e que a percepção da proeminência acentual depende da frequência de ocorrência
das palavras. Argumenta-se que informações sobre o acento são armazenadas
lexicalmente. É proposta uma análise dinâmica e em redes do fenômeno do
acento, em que a acentuação do português teria emergido pela auto-organização
de variáveis do sistema acentual latino em decorrência de uma série de mudanças
fonológicas desencadeadas pela perda da quantidade vocálica.