Paripueira

Martim vive para corresponder expectativas alheias: da família tradicional, da namorada conveniente, dos amigos alienados na pacata e conservadora Maceió. Ao perceber que a sua vida já está planejada (e não por ele), num rompante de coragem, parte sozinho para Recife em busca da sua individualidade e da realização do seu sonho de se tornar escritor. Sem inteligência emocional para lidar com a liberdade, com as oportunidades que se apresentam e com a descoberta do amor verdadeiro, Martim entra em uma espiral de pequenos fracassos e atitudes impensadas, tomadas no desespero de sentir que os sonhos em que ainda nem conseguiu pôr as mãos já escorrem entre seus dedos. Perdido em reflexões após uma noite trágica, ele decide abandonar o Recife para sempre, mas não admite voltar com seus sonhos despedaçados para o lugar de onde tanto custou romper as correntes que o prendiam. Perdido em si mesmo, Martim acaba se refugiando em Paripueira, balneário turístico do litoral norte alagoano onde passou parte da infância e onde residem as suas poucas lembranças felizes, e decide ficar por um tempo até se reconstruir emocionalmente. Lá, imprensado entre duas cidades onde não suportou viver por motivos diametralmente opostos, Martim se insula, entra em um tipo de eutanásia social, tenta se refugiar em um passado que não existe mais e acaba se perdendo de vez do que era e do que poderia ter sido. Assim como ele, a Paripueira das suas lembranças está em ruínas.