Poesia feia é uma perspectiva estética: a incorreção do verso, a incompletude da estrofe, a dissonância das próprias poesias que por sua forma, tamanho e tema não compõem um todo harmônico. Mas isso é proposital e esse livro é uma proposta política, porque a estética não se diz por um santificado em si primordial. A oposição de padrões é uma criação. E suas associações também: quem ligou a beleza à luz e ao bem e a feiúra a escuridão e ao mal? Não sei quem foi, mas suspeito que tenha uma intenção moral. Poesia feia vem resistir a todas as ditaduras, inclusive a da beleza! E o seu objetivo deve ser visto com sagacidade, já que não pretende fazer apologia da feiúra, tampouco dizer que ela não existe. Esse livro grita a favor da diversidade estética. Aqui, poesias diferentes dão as mãos - e não soltam. Entretanto, não se convertem em uma mesma coisa. É na diferença que cada uma delas vive sem vergonha.