Ingressamos numa nova era de costumes em que a mulher; insaciável; reivindica; exige; cobra e deseja mais; passando por cima do homem como um trator e descontando o tempo perdido; com juros. O que afugentou o homem do espetáculo para assisti-lo de camarote. Passivamente. Os homens estão inseguros; pois; graças à lógica e tirocínio de que tanto se orgulham; têm perfeita noção da perda de substância de sua personalidade diante da mulher atual; com sérios reflexos na arte da conquista e sedução; reduzindo em frangalhos essa destreza outrora poderosa. O homem restou só. Depois de as sociedades se livrarem de seu maior cancro no século XIX; a escravidão. O homem restou só. Depois de os negros americanos conquistarem direitos civis iguais aos dos brancos e o apartheid na África do Sul encontrar seu fim. O homem restou só. Depois do movimento feminista que libertou a mulher da herança escravagista de seus ancestrais. O homem restou só; depois que os gays se liberaram. O homem restou só; sem saber o que fazer diante de tanta liberdade; libertação e liberação. Com a corrente e a chave da cadeia na mão. Essa é a síntese da desconstrução do homem; se seguida à risca. Ser homem sendo mulher; ser companheiro sendo amante; ser obreiro não sendo patrão; cozinhar sem enganar; conquistar o interesse sem esmorecer; tolerar sem se rebaixar; fazer a sua parte; diluir a rotina no vinagre se dela derivar o tédio; dedetizar sua casa com doçura. ISBN: 9788582650264 AUTOR: Antonio Carlos Gaio