Este livro analisa as experiências de escravizados na Comarca do Príncipe, na província do Rio Grande do Norte (1870-1888), tomando o espaço como uma categoria interpretativa importante para se compreender a relação servil e para investigar as negociações referentes às condições do cativeiro. Os escravizados são percebidos como sujeitos ativos, como protagonistas que lutaram por melhores condições de vida e para alcançar a liberdade, recorrendo, por vezes, a atos considerados criminosos. Para significar essas experiências, são utilizados diferentes tipos de fontes, como processos cíveis e criminais, relatórios dos presidentes da província do Rio Grande do Norte, censos demográficos, leis imperiais e o livro do Fundo de Emancipação do Município do Príncipe (1873-1886). A análise desse amplo conjunto documental, em diálogo com os principais debates historiográficos sobre a escravização no Brasil oitocentista, faz surgir uma obra sensível, responsável por desconstruir interpretações equivocadas sobre o sistema escravista e suas implicações em regiões distantes dos principais urbanos do império.