Ao passar a chave na fechadura, murmurou alguma coisa, disfarçando o que viria a seguir numa adaptação das pálpebras cerradas à nova realidade. Estava vendo a mesma estrada, a mesma lua, mas mergulhada num futuro de três meses, o cenário era chocante.
Não havia direção alguma em que olhasse que parte da cidade não estivesse em chamas. Soldados agonizavam aos cantos e a morte assombrava cada esquina. Todas as torres reconstruídas no pós-guerra estavam novamente em ruínas ou sendo engolidas pelas labaredas que ardiam sem pudor.
A beleza azul da cidade era totalmente ofuscada pelo vermelho do fogo e o negrume cuspido pelas chamas, além do barulho sem cor do medo e terror que se alastrava. Safira estava para se tornar o campo de batalha da Segunda Grande Guerra, sendo destruída por dois homens de robe vermelho, tão intenso quanto o sangue que faziam jorrar ou o fogo que faziam chover.