O livro de Carlos Taibo pode ser lido num amplo conjunto de produções e análises contemporâneas sobre a anarquia e os anarquismos, tais como os recentes livros de Tomás Ibáñez, Osvaldo Escribano, Daniel Barret, M. Ricardo de Sousa, entre outros, para ficarmos na produção, por assim dizer, ibérica, incluindo aí Nuestra America. A demarcação geográfica justifica-se por ser uma produção um tanto diversa do que poderíamos denominar de produção anglo-saxã, que vai de Saul Newman a David Graeber. De qualquer maneira, o que há em comum nesta reflexão contemporânea, seja ibérica ou anglo-saxã, é o fato de que estamos atravessando um renovado interesse nos anarquismos e na anarquia, que ultrapassa a demarcação de “pesquisa historiográfica” e movimenta análises do presente em uma perspectiva anarquista. Há diversos fatores, apontados de maneira diferente em cada escrito, que podem explicar esse interesse. Mas há dois que aparecem com maior regularidade: a crise planetária (econômica, política, social e ecológica) que se estabeleceu logo após a euforia do triunfo da democracia liberal globalizada do pós-guerra e a impotência do marxismo e da social-democracia em produzir respostas a este estado de crise – sendo este segundo argumento, o mais presente nas leituras europeias.