A relação das religiões com as democracias contemporâneas é tema de debate há muito tempo, em várias áreas das ciências sociais e humanas. No Brasil, Sociologia, Antropologia, Ciências da Religião, Economia, dentre outras disciplinas têm se ocupado com as problemáticas advindas de tais relações. A filosofia brasileira, por seu turno, ainda está, de certa forma, engatinhando nessas discussões. Por muito tempo a academia filosófica brasileira ficou presa ao ideal moderno, que nunca se concretizou na prática, de uma separação clara entre política e religião, entre esfera pública e esfera privada (sendo a religião pertencente à última). Esse ideal obliterou da filosofia uma visão mais crítica e aberta às possibilidades criadas nessa relação. Nesse sentido, foca-se, em geral, apenas nos problemas que tais relações trazem sem pontuar outras possibilidades.
Nesse sentido, as páginas que se seguem são gotas num oceano de possibilidades para a filosofia. Os textos aqui presentes destacam desde importantes influências conceituais advindas da religiosidade e que acabam sendo ressignificadas pelo sistema capitalista, passando pela análise de fatos e documentos internos à religião que influenciam a sociedade como um todo, chegando até diálogos entre a filosofia política e a religião. Mas não são só esses elementos que são abordados nesta obra. Cabe ressaltar também o importante espaço dado às teorias filosóficas que, de alguma forma, dialogam com questões religiosas.
Marciano Adilio Spica