Momentos carregados de fatalismo, durante os quais se consuma, em um só dia ou em uma única hora, uma decisão para toda a eternidade”, são o tema da mais famosa obra de Stefan Zweig, na qual ele atinge o clímax da sinopse histórica e literária. Os acontecimentos que ele chama de “lampejos” são extremamente variados, abrangendo desde o ocaso do Império Romano do Oriente, que teve como sinal mais visível a destruição de Constantinopla, no ano de 1453, passando pelo advento do “Messias” de Händel, em 1741, pela derrota de Napoleão, em 1815, e pelo indulto concedido a Dostojewski, no cadafalso, em 1849, até a viagem de Lenin para a Rússia, no interior de um vagão lacrado, em 1917. “Em momento algum se tentou”, escreve Stefan Zweig, “dar força ou colorido, de cunho próprio, à realidade intrínseca dos fatos históricos internos ou externos”, pois “a História não carece de braços que a auxiliem.” Todavia, isso não impede que, envoltos no suspense novelístico, aqueles acontecimentos sejam descritos de forma particularmente emocionante, assumindo as aparências de “fatos inéditos”. O autor Stefan Zweig nasceu em Viena, no dia 28 de novembro de 1881, tendo vivido em Salzburg entre 1919 e 1935, emigrando então para a Inglaterra e, em 1940, para o Brasil. Destacou-se, inicialmente, como tradutor de Verlaine, Baudelaire e, sobretudo, de Émile Verhaeren (1855-1916), poeta de origem franco-belga, que escrevia sobre um mundo impregnado pela tecnologia. Seus primeiros poemas foram publicados em 1901, sob o título Cordas de Prata. Ficou famoso não apenas em razão da sua obra épica, mas também pelas suas sinopses históricas e seus trabalhos biográficos. Suas memórias vieram a público em 1944, em uma obra que descrevia o passado – O Mundo de Ontem. Em fevereiro de 1942, na cidade de Petrópolis, no Brasil, ele suicidou-se.